É época de balanço, de pesar as coisas, de se chatear, se ofender por pouco, se irritar com o trânsito, gastar dinheiro com quem não merece, dos horrorosos amigos secretos.
Eu fico uó no fim do ano.
Quando a melhor coisa que tá rolando na sua vida é o trabalho, é porque algo tá muito errado.
E dá-lhe horas e horas de Paper Mario e cervejinhas pra dar aquela fugida básica da realidade.
O bom é que o fim de ano acaba logo. E começo de ano é sempre mais bacana.
Gente, se esse Tim Festival serviu pra uma coisa, foi pra comprovar de uma vez por todas a minha velhice crônica.
"Mas Ligia, você só tem 25 anos..." FODA-SE. Tá tudo podre, por dentro, por fora, eu não sou mais a jovem pilhada de outrora, que pelo lazer encarava até micareta. Não não não.
Daí que cheguei no Rio na quinta a noite, e depois de dormir bastante, fui bater perna em Copacabana com os meninos do silviço.
Erro número um. Se você é idoso e tem que enfrentar uma maratona de shows durante a noite, REPOUSE. Mas não, eu quis fazer a linha social, andei, subi as pedras do Arpoador, bebi bebi bebi... quando cheguei na Marina da Glória já tava meio cansada.
Anthony and the Johnsons, ok, deu pra dar aquela relaxada, esticar el cuerpo na sala de imprensa, e ir pro pit da Björk numa boa. Björk, aliás, UAU.
Björk = UAU. Eu não sou fã das islandesinha. É aquela coisa, quando ela lança disco eu ouço, tenho uma compilação no meu iTunes, mas não pagaria pra ver um show dela. Como eu tava com credencial, dei um ingresso de presente pro namorado e lá fomos ver a moça. Gente. Que coisa linda. Deslumbrante. De cair o queixo. Que mulher linda. Que voz absurda. Que efeitos visuais, que palco, que espetáculo 360º! Não deu pra não pular MUITO em Hyperballad e Declare Independence. Aliás, erro dois.
Erro número dois. Se você é idoso e tem que assistir muitos shows na mesma noite, não pule muito, não se exalte. Economize energia, ela fará falta lá pelas 3h.
No palco "Novas Divas", o desfalque tristíssimo de Feist, uma das atrações mais esperadas por mim. O Novas Divas era perfeito pra dar aquela descansadinha, e foi o que eu fiz enquanto invejava a juventude das pessoas que formavam uma fila quilométrica para ver Arctic Monkeys. Detalhe: debaixo da chuva. Mas àquela hora a chuva era muito bem vinda, pra aplacar o calor BIZARRO que faz naquela cidade.
Aí corre pro outro palco pra fotografar o Hot Chip. Alguém me explica o que era aquele grave? Sabe aquele grave cheião, que você sente no peito, que quase tira seu pé do chão? Foda! E esqueça o tédio costumeiro das apresentações de DJs ou de projetos eletrônicos: os nerds lá sabem como fazer um show bacana. Valeu a pena.
Aí corre pra ver o Anthony and the Johnsons no outro palco. Sim, duas vezes na mesma noite. Tranquilo. IH, vai começar Arctic Monkeys! Coooooorre de novo.
Pausa pra falar do Arctic Monkeys.
Porque mais tarde eu vou falar mal de Killers, e pra mim o contraponto é o Arctic Monkeys.
Eu adoro esses moleques. São quatro moleques mesmo. Eles não são rockstars, eles podiam ser os moleques do colégio. Eles foram a banda dos moleques do colégio de uma galera em Sheffield, po. Eles são crus, verdadeiros, e isso é o que eu mais gosto neles. Não tem firula, é direto ao ponto, sabe? Não tem "Obrigadow Brasiw", não tem cenário com frufru, não tem frescura. É rock, é pancadaria, é dos moleques para os moleques e eu acho foda. Foi sem sombra de dúvida o show mais esperado desse Tim no Rio, e fontes seguras me garantem que foi o mais esperado de São Paulo também. Merecido e muito bem executado. Eu pagaria pra ver de novo FÁCIL.
Aí no fim do show do Arctic Monkeys me deu um clique e eu pensei: "gente, será que a Cat Power já tá no palco?" Mandei um SMS pro namorado que estava lá aguardando a MUSA (minha musa, que fique claro), e nada de resposta. Fiquei cismada e resolvi dar um pulinho lá. PORRA, ela já tava tocando há um tempão!!!! Aí fiquei puta, o tempo fechou. Que organização é essa que troca a ordem das apresentações em um palco e não avisa? Existem pessoas que querem ver shows em mais de uma tenda, sabe? Fiquei possessa. Nem curti o show devidamente, mau humor reinando. A Chanzinha mereceia que eu estivesse de melhor humor, porque o show foi impecável. Ela tá linda, linda, linda, puta mulherão. E a voz cada vez melhor, e ela cada vez mais feliz... outra que eu gostaria de ver de novo em breve.
Como o cansaço tomava conta de meu ser, nem cogitei ficar pra ver Cibelle. E infelizmente os meninos do Vanguart, Montage e Del Rey foram limados do festival porque a organização montou um palquinho furreca pra eles que inundou na primeira chuva. Francamente...
Fui pra casa do namô escrever os textos, baixar as fotos, publicar tudo... quando terminei tudo e fui tomar banho pra dormir, já eram 7h30. Minha LOMBAR travou. Não é coisa de velho isso? Francamente. Me taquei na cama já pensando em aposentadoria.
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Quando acordei às 13h do sábado e dei aquela rolada na cama, cada centímetro do meu corpo doía e estalava. Recusei todos os convites pra almoçar, pus as pernas pra cima e tentei me recuperar porque a noite prometia. Não seria tão pauleira como a sexta, mas o cansaço acumulado também conta pontos.
Chegamos em cima do lance pra Juliette and the Licks. FINALMENTE alguém que rendeu fotos boas no Tim Festival. Banda de atriz, né? A Juliette sabe trabalhar com câmeras. E dança, pula, se joga no chão, mostra a língua, rebola... todos os clichês do rock em um show que agradou MUITO as meninotas que usavam penacho na cabeça como a ídola. Foi puro lazer, e eu acho que às vezes as pessoas esquecem que um show pode ser assim, um lazerzão, não precisa ser uma experiência multisensorial transcedental... pode ser apenas algo que te faça sorrir naquele momento e pronto. Aliás, se um show tem esse efeito sobre mim, eu já saio bem satisfeita. E a Juliette conseguiu. Adorei. Quero casar com ela :D
Já os Killers... puts. Primeiro: ninguém pode fotografar nem filmar o show do pit. QUIQUI É, BRANDON FLOWERS? Tá com a pele ruim?! Já ganharam minha antipatia. Que porra é essa, sabe? Achei um absurdo monstruoso limitar nosso trabalho assim. Depois, horas pra montar um palco que era o suprasumo da cafonice. Tipo, ok, eles são cafonas, eles são de Las Vegas, mas HÁ LIMITES. Eu adorei quando li no Lucio isso aqui:
(...)Eu vejo show do Killers aqui e ali desde 2004 e a cada apresentação eles estão piores, as músicas mais “cansadas” e o visual e a postura indie-grandiosa que eles tentam empregar em direção ao, sei lá, U2 fazem uma banda com hits tão bons soar tão cafona e desinteressante, mesmo para os que aindam respeitam o “passado” da banda (...)
Foi isso que eu senti. A Helena me chamou de blasée, mas sério: tirando Somebody Told Me, Mr. Brightside, When You Were Young e mais uma ou duas, nada me comoveu. Nada me empolgou. Achei tudo tão pré-fabricado, tão chupinhado de outras bandas, tão "Igreja Universal do Reino de Deus" que antes do fim do bis eu tava indo pra sala de imprensa desintoxicar. Que fraquinho. Mas não posso dizer que decepcionou, porque era isso mesmo que eu esperava: uma farofada insossa. Jamais pagaria pra ver um show desses. Jamais.
Daí em diante foi festa. A noite estava linda, com uma lua cheia sensa, céu estrelado, aquela vista maravilhosa da Baía da Guanabara, amigos por todos os lados... uma quermesse alternativa deliciosa. Fui pra causa exausta mas felizinha. Festivais, mesmo quando são ruins, são bons (só não vale serem desastrosos, como disseram que foi no Anhembi, aqui em SP, no domingão).
E agora que venha o Nokia Trends, com meus fofinhos do Phoenix. Mal posso esperar :~